“ Intimidade
sem autonomia é dependência”
António Branco
Vasco
Na Primavera o reino animal apaixona-se
pois sai do seu casulo ficando mais disponível para os outros. Apaixonamo-nos e
procuramos uma fusão com o outro como se o Eu deixasse de existir para
passarmos exclusivamente a sermos Nós. Esta aproximação, além de biológica
cumpre uma das nossas necessidades psicológicas vitais, a proximidade. Todos
nós somos seres gregários e precisamos de nos sentir íntimos de outros e esta
simbiose, na qual olhamos apenas um para o outro, ajuda-nos a sentirmo-nos
compreendidos e aceites. Ficamos dependentes do olhar do outro, todo e qualquer
comportamento seu tem repercussões gigantescas em nós. O outro passa a ser como
o ar que respiramos, essencial à nossa existência.
Mas, como seres incomparáveis que
somos, há sempre um momento em qualquer relação em que as nossas necessidades
não são iguais à do outro e necessitamos de nos afirmar, expressando as nossas
crenças, sentimentos ou desejos e, apesar do objectivo comum da relação, estes
podem não ser concordantes como as do outro. Quando esta expressão de
individuação não é aceite pelo outro ou pensamos que não a devemos manifestar
surgem tensões, agressividade, afastamento ou frustração. Esta (proximidade e
autonomia) é uma das dialécticas vitais à nossa existência mas também uma das
mais difíceis das relações humanas.
De facto, temos de estar conscientes
que este balanço entre proximidade e diferenciação é essencial ao nosso
bem-estar psicológico (Modelo da Complementaridade Paradigmática, António
Branco Vasco, 2001). Assim sendo, não devemos ter receio quando necessitamos de
expressar a nossa individualidade ou quando o outro o faz.
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